Com Vitor Pereira sem clima, Landim terá de superar mágoa para buscar Jesus

Na diretoria do Flamengo, a sensação é de que o copo de paciência com Vitor Pereira transbordou na goleada sofrida para o Fluminense na final do Carioca. O clima na cúpula do clube é de que não há condições para ele continuar no clube. A decisão final, óbvio, está só nas mãos do presidente Rodolfo Landim.

Landim viajou para Brasília nesta segunda-feira por outras questões. Mas a discussão sobre um possível substituto já ocorre no clube em volta do presidente.

Neste sentido, o técnico português, Jorge Jesus, atualmente no Fenerbahçe, seria o nome para agradar torcida e dirigentes pela sua agem vitoriosa em 2019. Landim conseguiria abafar a crise que também o atinge - foi um dos hostilizados pela torcida rubro-negra no Maracanã durante a final.

Dinheiro há para contratar Jesus. Para demitir Vitor Pereira, o clube terá de pagar R$ 15 milhões pela sua rescisão (valor do restante do contrato) a não ser que houvesse um acordo, o que o treinador sinalizou ser improvável. E teria de haver uma negociação com o time turco para libera-lo antes do final da temporada, isto se o português quiser voltar.

Neste cenário, Landim ainda precisa engolir uma contrariedade com Jesus. Quando o técnico deixou o Flamengo, em 2020, há um episódio em que o presidente se sentiu traído pelo português.

Explica-se: o Flamengo renovou contrato com Jesus com luvas. Pela negociação, o valor seria proporcional e seria recebido integralmente se ele ficasse. O técnico português fez um apelo pessoal a Landim para tirar a proporcionalidade e receber o dinheiro todo das luvas: alegou que ficaria por todo o contrato.

Em meio à pandemia, foi procurado pelo Benfica, disse para o Flamengo que ficaria, mas saiu. Pagou a multa rescisória. Na prática, devolveu o dinheiro das luvas que recebera. Ficou no zero a zero, tendo rompido seu acordo.

Landim é bastante contrariado com a atitude, mas aliados dizem que já deu mostras de que, com o tempo, isso se reduziu. Tanto que autorizou a tentativa de contratar Jesus no final de 2021 após a saída de Renato. O técnico não foi assertivo sobre a saída do Benfica e o Flamengo contratou Paulo Souza. No meio do 1o semestre de 2022, Jesus fez lobby para voltar ao clube rubro-negro, mas aí Landim não gostou da interferência do ex-presidente Kleber Leite no processo.

Esse é o quadro do Flamengo após a derrocada na final do Estadual. Um técnico sem condições de ficar, o treinador desejado que acalmaria o clube empregado e com uma questão com o presidente, um ambiente político em ebulição, um time em frangalhos.