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REPORTAGEM

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Amaldiçoada por papa e excomungada: conheça a cidade das bruxas na Espanha

Trasmoz, na Espanha - alvarobueno/Getty Images/iStockphoto
Trasmoz, na Espanha
Imagem: alvarobueno/Getty Images/iStockphoto

Colunista do UOL

12/02/2023 04h00

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41º49'N, 43º24'O
Trasmoz
Zaragoza, Aragão, Espanha

Nos anos 1860, dois irmãos artistas, hospedados no mosteiro de Santa María de Veruela, em Zaragoza, deram novo vigor às histórias que circundavam uma vila vizinha, que desde tempos medievais tinha fama maldita. Valeriano Bécquer ilustrou as decrépitas ruínas do local, enquanto Gustavo Bécquer, um dos grandes nomes da literatura espanhola, espalhou, com suas tintas românticas, as lendas de bruxas e ritos satânicos que rodeavam Trasmoz havia 600 anos.

Quem deu tamanha relevância à cidade foi a própria Igreja, que a excomungou. Até aí, coisas que aconteciam na Idade Média. O curioso é que a medida jamais foi revogada. Trasmoz ainda é, oficialmente, uma cidade excomungada e maldita.

Caso único na Espanha

No século 13, os habitantes de Trasmoz entraram em conflito com o mosteiro de Veruela pelo direito de explorar um morro vizinho, fonte importante de lenha. Sem chegar a um acordo, o abade de Veruela resolveu jogar pesado. Convenceu o arcebispo de Tarazona a excomungar todo o povoado, em 1255, baseado nos rumores de práticas diabólicas que já rolavam àquela época.

O povo de Trasmoz levantou armas, e uma pequena guerra civil estava se desenrolando séculos depois. O próprio rei, Fernando II de Aragão, precisou interceder para esfriar os ânimos.

Excomungada, a cidade atraiu pilantras, que aram a cunhar moedas falsas no interior do castelo e usaram a má fama a seu favor. As marteladas e outros barulhos de metal que emanavam da produção madrugada adentro tinham uma explicação contundente: era bruxaria, ué. Ninguém ia se meter a investigar torres escuras frequentadas por diabos.

O abandonado castelo Trasmoz em Aragão, Espanha, durante um dia nublado - fotografo/Getty Images/iStockphoto - fotografo/Getty Images/iStockphoto
O abandonado castelo Trasmoz em Aragão, Espanha, durante um dia nublado
Imagem: fotografo/Getty Images/iStockphoto

Trasmoz, que era uma comunidade próspera de cristãos, judeus e muçulmanos, entrou em decadência no século 16. Em 1511, o abade de Veruela amaldiçoou a cidade, invocando o Salmo 108 da Bíblia: "Ó Deus de meu louvor, não fiqueis insensível, porque contra mim se abriu boca ímpia e pérfida". Isso com o aval do papa Júlio II, que já tinha experiência no assunto - dois anos antes, ele excomungara a poderosa República de Veneza.

Aqui reside a diferença crucial. Na época, a Igreja era aliada da França em uma guerra contra Veneza. Meses depois, a maré virou e o papa fez as pazes com os venezianos, preocupado com a ameaça que os ses agora representavam ao poderio papal na Itália. O banimento da Igreja a Veneza caiu em menos de um ano, porque a república era uma peça importante no jogo político europeu.

Trasmoz, coitada. Ficou lá esquecida. Até hoje. A excomunhão nunca foi revogada.

Em 1520, um incêndio destruiu o castelo. A expulsão de judeus e muçulmanos da Espanha, a partir de 1492, contribuiu para o esvaziamento da cidade. Foram essas ruínas que impressionaram os irmãos Bécquer mais de 300 anos depois.

Em 1864, no jornal "El Contemporáneo", Gustavo Bécquer escreveu algumas lendas sobre aquele vilarejo maldito, como a que dizia que o castelo fora construído em uma única noite. Suas "torres escuras e irregulares, os pátios sombrios e os fossos profundos" seriam propícios para bruxarias.

Ele também escreveu sobre uma certa Tía Casca, executada por bruxaria, cujo espírito ainda vagava pelas ruas esvaziadas. "Bastou-me ver seus cabelos esbranquiçados que se envolviam em sua testa como cobras, suas formas extravagantes, seu corpo curvado e seus braços disformes, que se destacavam angulosos e escuros contra o fundo de fogo no horizonte, para reconhecê-la como a bruxa de Trasmoz." (Leia a crônica na íntegra, no original espanhol).

Festa das bruxas

Hoje, Tía Casca é homenageada em uma praça da cidade. Não só ela. Trasmoz abraçou seu ado "maldito" e o transformou em atração turística. Portas das casas são decoradas com silhuetas de bruxas na campainha. Vassouras ficam penduradas em janelas, como se estivessem prontas para levantar voo.

Atualmente, todo mês de julho Trasmoz realiza uma feira da bruxaria, atraindo algo como 6 mil turistas ao povoado de cerca de 50 habitantes. Os visitantes podem conhecer o pequeno museu de feitiçaria, fazer consultas de tarô, comprar loções de ervas locais, assistir às encenações e conhecer histórias como a de Tía Casca, que se chamava Joaquina Bona Sánchez e foi executada em 1860. Existe até uma premiação de "bruxa do ano".

Homenagear esse ado foi a forma que a pequena cidade encontrou para não acabar morrendo, como tantas outras no esvaziado interior da Espanha, cada vez mais urbanizada. É um jeito, também, de jogar luz a um assunto tenebroso da história do país.

A caça às bruxas pode ter sido menos virulenta na Espanha do que em outros pontos da Europa selvagem, mas a Inquisição fez um estrago enorme ao julgar 125 mil pessoas por heresia. Dessas, só 1,2 mil foram condenadas à morte, mas isso somente nos tribunais conduzidos pela Igreja, milhares de outros foram executados nas perseguições não-oficiais.

Quase 800 anos depois, a relação entre Trasmoz e Veruela melhorou. Elas se juntam para fazer eventos culturais, e a igreja de Trasmoz não parece a de um lugar tomado pelo demônio: missas, batizados e outros ritos acontecem com frequência.

Ainda assim, ninguém está interessado na revogação da excomunhão. "Não consideramos isso, não vamos atrás", disse o prefeito, Jesús Andia, ao jornal britânico "Guardian". "Livrar-se disso agora significaria apagar tudo. Acho que as gerações futuras nunca nos perdoariam."

A maldição virou uma bênção.

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