Ela foi deixada pelo pai devido deficiência e venceu obstáculos com esporte

Resumo da notícia
- Daniele Montes, 27, nasceu com uma malformação congênita na perna esquerda e foi abandonada pelo pai
- Quando engravidou, ela engordou 20 kg, ficou sedentária, depressiva e com a mobilidade reduzida
- O caminho para sair do fundo do poço foi trilhado por meio do esporte
- Com o crossfit, ela superou os próprios limites e se tornou referência da modalidade na categoria adaptado
"Eu nasci com uma malformação congênita. Minha perna esquerda não se desenvolveu e o meu pé se formou acima do joelho. O primeiro preconceito que sofri foi do meu pai, ele não aceitou minha deficiência, me rejeitou e me abandonou. Quando cresci, minha mãe me falou da escolha dele, não achei uma atitude correta, mas busquei compreendê-lo.
Comecei a usar prótese aos três anos de idade, e aos seis fiz uma cirurgia para amputar o pé. Procurava ter uma infância normal, mas alguns colegas na escola tiravam sarro por eu mancar e me chamavam de Saci-Pererê. Tentava não me abalar e mostrar que eu podia fazer o que quisesse.
Também tinha o lado da vaidade, não me achava bonita com aqueles quilos a mais e minha autoestima ficou lá embaixo. Tudo isso contribuiu para eu ficar depressiva.
Eu chorava, não me sentia bem comigo mesma e nem no meu corpo. Queria melhorar. O caminho que achei para sair dessa situação foi o esporte
Eu já tinha praticado dança, natação, atletismo, musculação e queria resgatar isso. Na época, em 2016, o crossfit estava no auge na minha cidade. Eu me interessei e busquei mais informações sobre a atividade. Assisti a alguns vídeos e percebi que conseguiria fazer muitos exercícios sem a prótese e, ainda assim, ter um bom desempenho. Não pensava em limitações, era só adaptar alguns movimentos.
Experimentei uma aula e gostei. Treinava de segunda a sexta. O crossfit é um esporte que abraça todo mundo, ele é direcionado a todos os tipos de pessoas: alta, baixa, gorda, magra, com perna, sem perna.
Os outros praticantes me viam com uma inspiração e não como uma coitada. Isso me incentivava, fazia eu me sentir capaz
Ficava com a perna latejando, sentia muita dor, mas não desistia, era focada. Sempre fui positiva, pensava que estava tendo dificuldade hoje, mas amanhã seria melhor. Toda vez que concluía o treino era uma superação. Meu objetivo nunca foi ser melhor do que ninguém, mas superar os meus próprios limites, eu sou a minha principal adversária.
Com a atividade e uma dieta balanceada, emagreci 15 kg em quatro meses. Mais do que emagrecer, o crossfit mudou a minha vida, me deu saúde, bem-estar e vitalidade.
Saí do fundo do poço da depressão graças ao esporte. Hoje, não sei mais viver sem ele, é uma parte de mim
Não tinha dinheiro para arcar com os gastos da viagem, fiz uma vaquinha online, vendi pizzas na cidade com a ajuda da minha família e amigos, arrecadamos metade do valor, cerca de R$ 5 mil. Fui para o torneio no Canadá e ganhei a medalha de bronze. Foi uma emoção. Quando subi no pódio, vi que todo esforço valeu a pena. Voltei ao Brasil mais motivada, montei uma estrutura em casa e treino seis vezes por semana, durante duas horas. À medida que fui evoluindo, disputei e venci outras competições, e participo de eventos onde faço demonstrações de um treinamento de crossfit adaptado.
Eu encaro a minha deficiência física como um propósito de Deus para incentivar outras pessoas a ter mais confiança. A mensagem que tento ar com o esporte é a de que não devemos nos lamentar e questionar o que acontece em nossa vida.
As barreiras existem para qualquer um e vencê-las depende da nossa força de vontade."
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