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Quanto custa uma vida?

Doenças raras precisam de medicamentos que ultraam a casa dos milhões de reais, mas quem consegue pagar?

Bruna Alves De VivaBem, em São Paulo

Helena Gabrielle Pestana Rodrigues, 9 meses, de Santo Antônio do Descoberto (GO)

Algumas semanas após o nascimento, Helena começou a enrijecer a musculatura, como qualquer bebê. No entanto, quando estava com cerca de três meses, a mãe notou que a perna de Helena começou a amolecer, o pescoço não ficava mais firme, ela fazia esforço para respirar e, aos poucos, todos os movimentos foram parando. Entre médicos, hospitais e diferentes exames, o resultado foi conclusivo aos seis meses: Helena tem AME.

"Vi meu mundo desabar, me desesperei, não conseguia acreditar. Algumas pessoas me falavam coisas que me davam esperança, outras, não. Isso para mim foi destruidor", recorda a mãe, Neyce Fernanda Pestana Ferreira, 25. Hoje, a família tem uma certeza: a menina pode superar as estimativas e ter qualidade de vida se conseguir o Zolgensma.

"O Zolgensma representa uma vida sem limitações, ela vai poder andar, se alimentar sem usar a sonda, respirar. Abaixo de Deus, creio que esse remédio é muito bom para a vida da minha fila", diz a mãe, emocionada. Desempregados, Neyce e o marido, não tem dinheiro sequer para levar a menina ao hospital em um carro de aplicativo, e viajam cerca de 1h30 de ônibus para chegar lá. Atualmente, eles contam com doações para cuidar da filha.

Aisha Goerigk, 5 meses, de Americana (SP)

Aisha foi uma filha muito desejada. O sentimento de alegria, no entanto, deu lugar ao desespero quando a menina completou 4 meses e foi diagnosticada com AME. "Foi o pior dia da nossa vida, a gente ou o dia inteiro chorando, não sabíamos o que fazer", recorda o pai, Sven Goerigk, 45.

Começou então uma luta contra o tempo para conseguir o medicamento mais caro do mundo. Em setembro, quando VivaBem entrevistou o pai, ele estava desesperado atrás do Zolgensma.

"Acho esse medicamento criminoso. Sinto que a minha filha foi raptada e tenho que pagar uma indenização de R$ 12 milhões para salvá-la. Me sinto refém do sequestro de uma vida".

Aisha não resistiu e morreu em setembro, aos 5 meses. "Foi muito difícil e muito rápido. A dor é muito grande, não só pela perda, mas durante todo o processo. Essa doença rouba todo dia um pouquinho de cada um e, infelizmente, não tem o que a gente fazer", lamenta o pai.

Benício Pires Pechir, 1 ano e 9 meses, de Belo Horizonte

Bruno de Paula Pechir, 40, teve filhos gêmeos. Bruno Filho não tem nenhum problema de saúde, mas Benício, aos 8 meses, foi diagnosticado com cistinose nefropática, trata-se de uma doença rara e genética, que se caracteriza pelo acúmulo de um aminoácido chamado cistina. Ele forma cristais que comprometem o funcionamento de diversos órgãos, em especial os rins e os olhos.

Uma das medicações que o menino tomou custa em torno de R$ 10 mil, porém seu organismo não se adaptou e ele teve muitos efeitos colaterais. A segunda opção, pela qual os pais estão lutando, custa R$ 50 mil por mês. Benício já ganhou um frasco do remédio e com o dinheiro de doações, a família comprou mais um frasco, que dura 30 dias.

Eles entraram com um processo de judicialização para conseguir com que a União custeie o tratamento do menino, mas não sabem quanto terão alguma resposta. Enquanto isso, Benício continua precisando de doações para seguir com o tratamento e tentar impedir o avanço da doença. "Depois que a gente começou a dar a medicação, a gente não pode parar mais e, graças a Deus, ele começou antes dos dois anos. Segundo as pesquisas que a gente tem acompanhado, ele vai demorar mais para perder a função renal e precisar de um transplante", explica o pai.

João Guilherme Brusda, 1 ano e 7 meses, de Goiânia

Bruna de Fátima da Silva, 28, já tinha tido um caso de AME na família, por isso ela não se surpreendeu com o diagnóstico de seu filho, João Guilherme. "Com um mês de nascido ele engasgou e percebi que ele teria AME também. Nós fomos para o hospital, eles fizeram o exame e o diagnóstico fechado veio com dois meses", explica.

Segundo a mãe, a luta que a família enfrenta para conseguir um atendimento adequado é o maior desafio da doença. "Não é tão difícil ter um filho com AME, o difícil é o descaso, porque tudo para a criança com AME é difícil, não é só medicamento, tem médico que não sabe nem o que é AME e hospital que não sabe lidar com uma criança com atrofia", desabafa.

A família sonha com a compra do Zolgensma e também está fazendo o possível para conseguir. João Guilherme, assim como os outros bebês, têm uma página no Instagram para arrecadação. "Acho que é a única coisa que realmente me importa nesse momento, porque esse remédio acabaria com a raiz de todo o mal, de todo o nosso sofrimento", afirma Bruna.

O que dizem as farmacêuticas

Ao analisar a lógica de mercado, pode até fazer sentido que um medicamento usado por poucas pessoas custe rios de dinheiro, mas o emocional talvez não concorde com isso. Para explicar por que os remédios custam fortunas, a reportagem de VivaBem procurou algumas indústrias farmacêuticas.

A Novartis responde pelo Zolgensma e pelo Luxturna, ambos terapias gênicas. A empresa frisou que o Zolgensma tem "apenas" a dose mais cara do mundo, mas não é o medicamento mais caro.

"A gente está falando de uma dose que tem um efeito crônico. Os medicamentos hoje utilizados para essa doença e para outras doenças raras cobertas pelo SUS representam um tratamento de uma vida inteira. Essa terapia reverte a história natural da doença com uma única dose, apenas", ressalta Omar Akl, diretor-executivo da unidade de negócios de Terapia Gênica da Novartis.

O executivo explica que o Zolgensma é um fármaco de alta complexidade que restitui um gene "defeituoso". A empresa não revelou o valor que pretende cobrar pelo medicamento no Brasil, mas afirmou que será abaixo do preço do exterior. "É uma prioridade que a terapia gênica seja oferecida o mais breve possível no sistema de saúde. Esse tratamento que traz uma nova esperança, uma fronteira nova da ciência e uma inovação tem que chegar ao público de forma ível, sustentável e mais precoce possível. Esse é o nosso compromisso", afirma o executivo.

Responsável pelo Evrysdi, a Roche disse, em nota, que o preço nos EUA foi definido com base no peso do paciente e que irá respeitar o preço estabelecido pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) no país.

"Reforçamos que este é o valor nos EUA, e não significa que no Brasil será exatamente o mesmo. Entendemos que a disponibilização no âmbito do SUS, é importante para apoiar o país em seus esforços por ampliar o o a terapias inovadoras e garantir mais qualidade de vida a estes pacientes".

Em nota, a BioMarin, responsável pelo Brineura, disse que, além de ser uma terapia inovadora para uma doença rara e fatal, esse é o primeiro tratamento para CLN2 (doença de Batten). "A BioMarin foi pioneira neste tratamento inovador e abriu a possibilidade para outros pesquisadores explorarem terapias em outras formas da doença de Batten e outras doenças neurodegenerativas em geral".

Em relação ao custo, a empresa alega saber os desafios enfrentados pelas famílias para conseguir comprar, mas ressalta que tem um histórico positivo de ajudar os pacientes e que os valores são estipulados a partir de critérios rigorosos. "Além dos investimentos da BioMarin no desenvolvimento e e de Brineura para a ultrarrara comunidade CLN2, o preço do medicamento também reflete: (1) o valor do benefício clínico; (2) a natureza ultrarrara da doença; (3) a inovação alcançada - primeira terapia de reposição enzimática istrada diretamente no cérebro, e o primeiro tratamento para qualquer forma de doença de Batten; (4) a complexidade, risco e despesa na fabricação da terapia; e (5) os compromissos pós-marketing
para conduzir estudos adicionais".

A Recordati, dona do Carbaglu, destaca os efeitos do medicamento na prevenção de graves problemas neurológicos. Segundo a empresa, a longo prazo, o remédio previne as crises agudas de hiperamonemia, além de permitir uma maior flexibilidade na dieta dos pacientes. "Muitos pacientes tinham uma sentença de morte e com essas terapias elas am a ter uma vida, qualidade de vida ou o que a gente chama de sobrevida a longo prazo", diz Paulo Pinton, gerente-geral da Recordati - RRD Brasil.

"Quanto vale, por exemplo, a vida de um paciente que não consegue sair de um hospital, que tem inúmeras deficiências? E um medicamento que consegue prover uma vida decente?", questiona Pinton. "Essa equação é muito difícil de se harmonizar. A indústria, pelo seu lado, tenta oferecer o tratamento à necessidade médica não atendida, mas ela também tem todos os anos de pesquisa, então, do ponto de vista econômico, o preço se justifica por aí", explica.

Assim como o Zolgensma, o Spinraza é um medicamento usado para o tratamento de AME. Questionada sobre o alto custo, a Biogen alega que o Spinraza é o primeiro modificador do curso natural da doença registrado no Brasil e no mundo.

"O perfil de eficácia e segurança do Spinraza é fundamentado pelo mais robusto grupo de evidências clínicas em AME. A eficácia do medicamento vem sendo demonstrada também em estudos de vida real que reportam ganhos funcionais clinicamente muito significativos, além de estabilização da doença, independentemente da idade".

A empresa não revelou o preço que o Spinraza está sendo vendido no mercado brasileiro. "A Biogen, ciente de sua responsabilidade com a sustentabilidade dos sistemas de saúde nos países em que atua, negocia preços e condições comerciais abaixo do preço estabelecido pela CMED para o fornecimento do medicamento ao SUS e a operadoras de saúde suplementar", finaliza.

Se eu não posso pagar, alguém é obrigado a pagar para mim?

Cada país estabelece os preços de medicamentos de acordo com sua estrutura, regras e poder aquisitivo. No Brasil, a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) é a responsável por estabelecer os preços máximos dos remédios.

Aqui, se o paciente precisar de um medicamento que ainda não é fornecido pelo SUS e não tiver condições de comprá-lo, pode entrar na Justiça contra o município, estado ou União (ou os três ao mesmo tempo) para pedir que seu tratamento seja pago pelo governo. Os pacientes também podem conseguir os medicamentos que ainda não têm registro na Anvisa, mas que já estão sendo comercializados no exterior.

Há anos vem sendo discutida a judicialização da saúde, sobretudo o impacto financeiro que ela representa para os governos e os serviços de saúde.

O artigo 196 da Constituição Federal diz que: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao o universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".

Em outras palavras, o Estado tem obrigação de fornecer tratamento e medicamento para todos. Baseados na Constituição de 1988, os juízes costumavam deferir, ou seja, acatar, sem critérios previamente estabelecidos, muitos pedidos de medicamentos para doenças raras, independentemente do valor e se o governo tinha a verba ou não.

Mas qual era o problema disso? Imagine um município pequeno tendo que pagar um tratamento de R$ 500 mil para uma única pessoa. A pasta da saúde não tem todo esse dinheiro, então ela tem que tirar de outros programas da saúde que atendem toda a população. O mesmo acontece com a União, os estados e o Distrito Federal.

Segundo especialistas ouvidos por VivaBem, o ime era grande: de um lado, tinha a pessoa que necessitava do remédio, e a lei diz que a saúde é dever do Estado; do outro, um governo que não tinha de onde tirar o dinheiro e, mesmo assim, era obrigado a pagar. Com o tempo, o próprio Judiciário percebeu o efeito que isso gerava na gestão da saúde.

Diante do problema, o STF (Supremo Federal Federal) julgou o Tema de Repercussão Geral (nº 500) em 2019, que vale como se fosse uma lei, porque tem efeito normativo. Esse tema estabelece alguns critérios para nortear o juiz em sua decisão final sobre pedidos de medicamentos sem registro na Anvisa. Não há, portanto, uma lei específica que obriga o poder público a comprar medicamento de alto custo para doenças raras, tudo vai depender da decisão do juiz.

Pela legislação do SUS, a rigor, tratando-se de medicamento de alto custo, quem deveria fornecer seria a União (governo federal). A lei decidiu assim justamente porque é de alto custo e o município e o estado não teriam recursos para fornecê-los. O problema é que isso não é taxativo. Maria Teresa Fonseca Dias, professora do Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

"Eu, se fosse entrar com uma ação pedindo medicamento, qualquer um que fosse, ia colocar todo mundo na ação, estado, município e União", diz a professora de direito que acrescenta que, após um novo tema de repercussão (793) estabelecido esse ano, o juiz é o responsável por direcionar os custos à pasta competente.

Os problemas (e dilemas) da judicialização da saúde

O principal problema da judicialização é que esse dinheiro não está previsto no orçamento das pastas. Por exemplo, no caso do Zolgensma, R$ 12 milhões para apenas um paciente não estará dentro do orçamento de nenhum município, estado ou da União. A Justiça pode obrigar a pagar? Sim, mas esse dinheiro vai sair dos demais gastos da saúde da população em geral.

O impacto econômico é gigantesco, quebra o sistema de saúde em dois minutos. Reynaldo Mapelli Júnior, promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e professor de direito sanitário na ESMP (Escola Superior do Ministério Público de São Paulo)

Para se ter uma ideia, a AGU (Advocacia-Geral da União) aponta que, de 2007 a 2018, os gastos da União com a judicialização da saúde cresceram 4.600%, o governo federal teve de pagar R$ 5,2 bilhões em processos que pacientes moveram na Justiça para obter remédios e outros itens do atendimento de saúde. O aumento é claro: em 2007, a União pagou R$ 23 milhões contra R$ 1,3 bilhão em 2018.

Para o professor de farmácia da UFAL, Marcelo Duzzioni, uma das coisas mais importantes a serem levadas em conta é o fato de milhares de pessoas que deixarão de ser assistidas para benefício de apenas uma.

"Quanto que a gente poderia gastar, pensando em doenças endêmicas ou pesquisas? Por exemplo, para pesquisas com a covid-19 você precisa de R$ 50 milhões, e olha a quantidade de pessoas que você vai atingir. Quando você tem uma pessoa, e do outro lado da balança, milhões de pessoas que poderiam se beneficiar com o controle da pressão arterial, do diabetes, tem tantas coisas (...). Entendo o sofrimento das famílias, mas também de quem está do outro lado e tem que pagar", afirma Duzzioni.

Trata-se de uma equação de difícil solução e que não deve ser discutida sem a profundidade necessária e sem a participação de governo, sociedade civil e representantes do setor de saúde.

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Publicado em 2 de dezembro de 2020.

Reportagem: Bruna Alves | Edição: Bárbara Paludeti.

Fontes: Marcelo Duzziani, professor de farmacologia da UFAL (Universidade Federal de Alagoas); Patrícia Moriel, farmacêutica, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Reynaldo Mapelli Júnior, promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e professor de direito sanitário da ESPM (Escola Superior do Ministério Público de São Paulo); Maria Tereza Fonseca Dias, professora do Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); Wilson Marques Júnior, professor de neurologia da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); Marlene de Fátima Turcato, neurologista infantil do HC-FMRP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP); Janaína Lana, diretora-médica da unidade de negócios de Terapia Gênica da Novartis; Omar Akl: diretor-executivo da unidade de negócios de Terapia Gênica da Novartis; Marjóri Dulcine, diretora-médica da Pfizer; e Paulo Pinton, gerente-geral da Recordati Rare Diseases Brasil.